O mundo é cada vez mais urbano. Em 2040, quase 80% dos portugueses viverão junto ao litoral. Como será a vida nas cidades sobrepovoadas e o que podem fazer as cidades do interior para fixar, renovar e empregar os seus habitantes?
A cada semana, três milhões de pessoas em todo o mundo mudam-se para as cidades.
As estimativas das Nações Unidas mostram a velocidade com que o globo se torna cada vez mais urbano. Neste momento, metade da população do planeta já vive em cidades. Em 2030 esse valor atingirá os 60%.
As mega cidades com mais de 10 milhões de habitantes, o equivalente a toda a população portuguesa, vão continuar a crescer sobretudo na Ásia, China, em África ou na Índia. E na Europa envelhecida a urbanização também se acentuará.
Portugal não escapa à tendência. No país, o interior murcha com a população a concentrar-se num litoral cada vez mais povoado. Calcula-se que em 2040, quase 80% dos portugueses viverão ao longo da faixa junto ao mar.
Como será a vida nas nossas cidades? E que papel terão as cidades do interior? Como poderão manter habitantes e atrair pessoas mais jovens? Como criarão emprego e o que podem oferecer?
Para responder a estas e outras perguntas o próximo Fronteiras XXI vai sentar frente a frente o ex-ministro da Economia e autor de inúmeros estudos sobre o desenvolvimento das economias locais, Augusto Mateus, o especialista em cidades da London School of Economics Nuno Ferreira da Cruz, o geógrafo e professor Álvaro Domingues e Ana Paula Rafael, presidente da Dielmar, empresa têxtil que é uma das maiores empregadoras de Castelo Branco. É já a 7 de Junho às 22h na RTP3.
uma outra cidade http://www.correiodoporto.pt/category/rua-da-estrada
DA longa história da cidade ficaram algumas coisas sobre as quais estamos todos de acordo: uma organização social; suportes infraestruturais necessários à troca e à relação; edificação; diversidade e mudança. A aglomeração e a proximidade acompanhavam tudo isso enquanto a congestão não desse cabo de tão preciosa intensidade.
Assim é a Rua da Estrada: uma espécie de dispositivo sócio-técnico que possibilita a mobilidade das pessoas, da informação, das mercadorias, da energia…, e que funciona como uma prótese que torna possível a organização da sociedade/território. Falta só imaginar que a cidade se desconfinou, que galgou muralhas e limites, que colonizou o infinito rizoma do asfalto e de outras redes com ou sem fios, canos, condutas, cabos e outras teias. Por estes infinitos caminhos circulam os humanos e as suas urgências: vão à bola, à fábrica, à farmácia, ao comboio, a remar, à escola, a Aveiro ou a Sarrazola…
Escreveu a Agustina Bessa-Luís no seu Diccionário Imperfeito (Guimarães Editora, 2008) : “A estrada é, acima de tudo, civilidade, tem que ser construída para o uso das pessoas e para efeitos de uma economia. A estrada romana é ainda hoje modelo de mecanismo social. Levava não só os poetas até Brindisi, como as mercadorias aos portos e, mais ainda, a imaginação até aos confins da memória”. É tal qual.