A dívida portuguesa é um dos principais entraves ao crescimento económico do país. Que peso têm as diferentes dívidas e como afectam, no dia a dia, as escolhas das famílias, do Estado e das empresas? E até quando teremos condições para as pagar?
Portugal é um país altamente endividado e que não cresce. A dívida, sobretudo a do Estado que atingiu 241,1 mil milhões de euros em Dezembro passado, tem-se acumulado, ano após ano, através de crédito contraído no exterior. A adesão à União Europeia e ao euro criou um clima de excesso de confiança que fez crescer o endividamento público, das famílias e das empresas. A crise económica que atingiu toda a Europa , sobretudo a economia portuguesa conduzindo ao resgate pela Troika, fez a factura da dívida do Estado disparar ainda mais.
Até quando terão os portugueses de pagar esta dívida? Em que medida esta factura limita as possibilidades de crescimento da economia nacional? Como é que as diferentes dívidas são constituídas e como é que afectam, no dia-a-dia, as escolhas das famílias, do Estado e das empresas do país?
São estas e outras perguntas que o Fronteiras XXI quer esclarecer neste programa. No debate vão estar o ex-ministro das Finanças Miguel Cadilhe, o professor Fernando Alexandre e o professor Ricardo Paes Mamede, comentador da RTP.
Foi ministro das Finanças de dois governos de Cavaco Silva (1985-1990) e secretário de Estado do Planeamento de Sá Carneiro (1980). Economista, licenciado pela Universidade do Porto, deu aulas na Faculdade de Economia desta universidade, esteve como investigador na London School of Economics e deu aulas como professor catedrático convidado na Católica do Porto.
Liderou o Banco Fomento Exterior (BFE), Banco Borges & Irmão e o Banco Português de Negócios (BPN, durante cinco meses na altura da nacionalização pelo Estado. Foi ainda administrador do BCP e do Banco Português do Atlântico (BPA) e presidente de várias empresas do grupo bancário. É Presidente do Conselho de Curadores da Universidade do Porto.
Autor e co-autor em mais de duas dezenas de livros, foram-lhe atribuídas as grãs-cruzes das ordens do Mérito de Portugal e do Cruzeiro do Sul do Brasil, e a Medalha de Mérito, grau ouro, da cidade do Porto. Nasceu em Barcelos há 72 anos.
Doutorado em Economia pela Universidade de Londres Birkbeck College e mestre pela Universidade de Coimbra, foi secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna no XIX Governo Constitucional. É Pró-reitor da Universidade do Minho para a Valorização do Conhecimento e professor associado do Departamento de Economia e membro do NIPE - Núcleo de Investigação em Políticas Económicas desta instituição. Exerceu vários cargos de gestão universitária na Universidade do Minho, tendo presidido à Escola de Economia e Gestão e dirigido o departamento de Economia e a licenciatura em Economia. Realizou trabalhos de consultoria, entre outras entidades, para o Tribunal de Contas, a Associação Portuguesa de Seguradores e a Fundação Calouste Gulbenkian. Co-autor de Crise Financeira Internacional (2009), Crise e Castigo (2016) e acabou de lançar Poupança e Financiamento da Economia Portuguesa.
Professor do Departamento de Economia Política do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), onde dá aulas desde 1999. É doutorado em Economia pela Universidade de Bocconi, Itália, e mestre em Economia e Gestão de Ciência e Tecnologia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa.
Foi director de Serviços de Análise Económica e Previsão do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia e da Inovação em 2007 e 2008 e coordenador do Núcleo de Estudos e Avaliação do Observatório do QREN entre 2008 e 2014. Autor do livro O que Fazer Com Este País – do pessimismo da razão ao optimismo da vontade e co-autor do blogue Ladrões de Bicicletas. É membro do Dinâmica’CET, Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território. E comentador da RTP.
Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.
Agradeço a oportunidade que me deram de assistir ao vivo ao debate, que considero ter sido muito bom. Fiquei, no entanto, com pena de não ter podido intervir, pois houve algumas afirmações que me mereceram algum reparo e gerariam debate. Destaco a afirmação inicial, logo a abrir o programa e comungada pelo painel, sobretudo por Ricardo Paes Mamede que reforçou essa ideia ao longo do programa, de que a dívida pública não é a mais importante já que é inferior à dívida do privado, sobretudo das empresas. Apenas olharam para o valor da dívida e concluíram, no meu entender, de forma redutora. A balança tem dois pratos e não podemos só comparar os montantes, temos também de comparar a capacidade de gerar receitas e a solvabilidade (capacidade de amortizar a dívida). Ora vejamos com dados de 2015:
Dívida pública 231 mM, equivalente a 129% do PIB
Dívida privada 402 mM, equivalente a 57% do PIB assim repartida:
Dívida empresarial 259 mM, equivalente a 145% do PIB
Dívida das famílias 143 mM, equivalente a 80%
O Estado não cria riqueza e a sua receita provém exclusivamente dos impostos pagos pelos privados e foi 38 mM, Contribuiu assim com 21% para o VAB. Apresenta uma taxa de solvabilidade de 16%.
Já a receita dos privados foi 141 mM e contribuíram com 79% para o VAB. Apresentam uma taxa de solvabilidade de 35%
É esta relação de capacidade que não foi feita e contraria a ideia criada. A dívida global tem vindo a decrescer desde 2011 e esta tendência tem-se verificado nas famílias e nas empresas. Ao invés, continua a aumentar no sector público, como o comprova o gráfico mostrado no inicio do programa. Afinal qual é a dívida mais preocupante?
Como chefe de família, apenas possuo a divida do crédito à habitação, todavia, nos últimos 5 anos sinto um estrangulamento financeiro com o agravamento de impostos que me impedem de efectuar qualquer poupança, O agravamento da divida impede assim a poupança às famílias, para pagar a divida o estado aumenta os impostos. O Estado está a convidar os portugueses a sair do Pais para assim melhorar o bem estar das suas famílias ?
«Portugal é um país altamente endividado e que não cresce. A dívida, sobretudo a do Estado que atingiu 241,1 mil milhões de euros em Dezembro passado, tem-se acumulado, ano após ano […]»
Qual a razão daquele «sobretudo» quando a dívida privada – empresas e famílias – é muitíssimo maior?! E vocês devem ter esses números na PORDATA?
Caro Paulo Barata, com o comentário que fiz, creio ter ajudado a responder à sua questão
Caro Edmundo. Não ajudou, infelizmente, apenas confirmou com os números, que não cotejei e dou por bons. Acho ainda que tem um problema percentual aqui:
Dívida pública 231 mM, equivalente a 129% do PIB
Dívida privada 402 mM, equivalente a 57% do PIB.
E, sim, a dívida privada tem-se reduzido desde 2011 e a pública aumentado. Aliás assistimos por estes dias como parte disso tem sido feito, com o Estado a assumir a dívida dos bancos que por sua vez é dívida de empresas e famílias… Contou com isso?! Boa Páscoa
Acho que é um tema muito oportuno , para a actual situação Portuguesa . Não foi discipiete a afirmação do Sr Ministro Holandês . Só pecou , pela forma como o fez .
Portugal tem andado muito entusiasmado e a viver muito acima das suas possibilidades e a produzir muito abaixo das suas capacidades.
Temos a cultura do laxismo . Não sabemos separar o trabalho do conhaque . Ambos são bons . Mas cada um a seu tempo . Gostaria de ver também outros temas pertinentes , como : Justiça ,Leis Laborais , Formação e Emprego , Atração de Investimento para o interior do País , Deslocação de Médicos e centros de saúde de proximidade . Etc. Etc.