A educação é a chave para subir no elevador social. Mas se houve grandes progressos, estudantes mais pobres, de famílias menos escolarizadas ou de outras etnias continuam a chumbar mais. Que medidas podem ajudar a desbloquear a estagnação social dos portugueses?
O apelido ainda conta para conseguir um bom emprego? Estudar é a principal garantia para uma vida melhor? A diferença entre homens e mulheres que chegam a cargos de topo tem os dias contados?
Em Portugal o aumento da escolaridade foi fundamental para garantir mais oportunidades para todos. Houve enormes progressos na educação da geração nascida em meados do século passado, para a dos filhos de Abril.
Apesar disso, hoje, apenas 46 em cada 100 portugueses completou o ensino secundário. E mais de metade da população ainda tem uma profissão equivalente à dos pais, revela o estudo inédito da Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre mobilidade social, que será apresentado durante o Fronteiras XXI.
No próximo programa vamos discutir formas de combater as desigualdades que travam as oportunidades de subir na vida e as medidas políticas necessárias para desbloquear a estagnação social dos portugueses.
Para o debate, convidámos a segunda mulher do país a ocupar o cargo de ministra, Leonor Beleza, que preside à Fundação Champalimaud. Junta-se a Johnson Semedo, fundador de uma academia de futsal que apoia jovens de bairros problemáticos, e à especialista em economia política e pública, Susana Peralta. Não perca o debate! Dia 6 de Setembro, às 22 horas na RTP3 e online.
Presidente da Fundação Champalimaud desde 2004, por escolha do fundador António Champalimaud, é licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde foi professora assistente. Ao longo da sua vida exerceu vários cargos políticos: Foi a segunda mulher do país a assumir o cargo de ministra, liderando a pasta da Saúde nos governos de Cavaco Silva, (1985-1990), foi secretária de Estado da Segurança Social (1983-1985) e da Presidência do Conselho de Ministros (1982-1983). Fundadora do PSD, partido onde ocupou vários cargos dirigentes, esteve no Parlamento como deputada entre 1983 e 2005 e por duas vezes exerceu a Vice-presidência da Assembleia da República. Esteve na fundação da Comissão da Condição Feminina, hoje Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. Foi um dos membros pioneiros da SEDES, uma das mais antigas associações cívicas nacionais. É membro do Conselho de Estado e foi agraciada pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Nasceu no Porto.
Vive desde os dois anos na Cova da Moura, para onde emigrou com a família vindo de S. Tomé e Príncipe. Aos 9 anos saiu de casa para viver na rua. Passou por colégios internos e casas de correcção e era menor quando foi preso pela primeira vez. Esteve detido durante dez anos. Depois de ser libertado decide desintoxicar-se, termina o liceu e muda radicalmente a sua vida. Hoje, João Semedo Tavares, mais conhecido por Johnson, é casado, pai de quatro filhos e treinador de uma equipa de futsal que integra crianças e jovens de bairros problemáticos. A escola que fundou, a Academia do Johnson, está já na Primeira Divisão de honra da Associação de Futebol de Lisboa. Johnson tem usado a a sua história de vida para prevenir a delinquência juvenil na Academia onde além do futsal, os jovens têm apoio no estudo, aulas de teatro e dança. Tem 45 anos.
Especialista em Economia Política e Economia Pública doutorou-se em Economia na Universidade Católica de Louvaina, Bélgica. É professora associada na Nova School of Business anda Economics (Nova SBE) desde 2004, onde foi directora académica dos programas de doutoramento e mestrado em Economia.
Deu também aulas nas Universidades Católica Portuguesa, na Universidade do Luxemburgo e na Universidade Católica de Louvaina. É investigadora associada do CEPR (Centro de Investigação de Política Económica) e do CORE (Center for Operations Research and Econometrics) da Universidade Católica de Louvaina.
É coordenadora da área de Economia na Fundação Francisco Manuel dos Santos.
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Um dos principais factores para se subir na vida e haver maior acesso às oportunidades é a inteligência emocional. A principal causa do mau aproveitamento e da desistência dos estudos está no seu ambiente familiar. Pessoas com enquadramentos familiares débeis são as primeiras a evidenciar estes problemas e, mais tarde na vida, virem a ser delinquentes e/ou criminosos.
Na minha opinião, a forma resolver a larga maioria dos problemas da sociedade está na aposta do acompanhamento e apoio psicológico das famílias destes jovens. É mais profícuo investir no tratamento e acompanhamento dos pais do que propriamente dos filhos.
Tema interessante, atual e pertinente.
A reflexão, que estes momentos nos proporcionam, poderão ser a chave para mudanças significativas na nossa sociedade.
Parabéns à organização e à Fundação.
O tema é extraordinariamente pertinente! Todos queremos, ou pelo menos acredito que sim, ver as gerações que nos seguirem viver mais, melhor e incorporando cada vez em maior grau o respeito pelo mérito, competências e capacidades próprias e dos outros.
Mas estamos a fazer o que devemos para isso? Está a sociedade recetiva a essa lógica de vida e progressão no trabalho? Ou continuamos agarrados a ideias antigas de valor baseado na antiguidade e não no mérito, de respeito baseado na origem e no nome e não no trabalho concretizado pelo individuo, de preferência pela afinidade socioeconómico e não pelas competências desenvolvidas?
Muito interessante e actual
Gostava de perceber porque é que Leonor Beleza está, mais uma vez, neste painel. Mas infelizmente não compreendo. Será porque corresponde ao exemplo acabado do que não deve acontecer quando falamos de ascensão socioeconómica?