A cada dia a esperança de vida aumenta cinco horas. Os progressos científicos têm permitido prolongar a vida humana e retardar o envelhecimento. Quanto tempo podemos esperar viver e com que qualidade? Como podemos enfrentar os desafios da longevidade
A mulher mais velha do mundo viveu 122 anos e 164 dias. Jeanne Louise Calment nasceu antes da construção da Torre Eiffel e morreu, ainda lúcida, um mês depois da sonda Mars Pathfinder aterrar na superfície de Marte, em Agosto de 1997.
Desde então o número de pessoas que ultrapassa os 100 anos não tem parado de crescer. São hoje quase meio milhão, mas serão 3,7 milhões em 2050, apontam as estimativas das Nações Unidas.
Viver mais tempo será cada vez mais comum e a Ciência fez grandes progressos para prolongar a vida humana e retardar o envelhecimento. Transplantou corações artificiais, conseguiu imprimir órgãos em tecidos biológicos, prolongou com remédios a vida de ratinhos e, geneticamente, conseguiu até rejuvenescer-lhes as células.
Quanto tempo podemos esperar viver? E com que qualidade? Que problemas éticos estamos a enfrentar? Num país envelhecido como Portugal, como está a sociedade a mudar para responder aos desafios da longevidade?
Para responder a estas e outras questões juntamos o médico e investigador Manuel Sobrinho Simões, a especialista em bioética Maria do Céu Patrão Neves e o ex-ministro das Finanças e da Segurança Social e do Trabalho, António Bagão Félix. Veja em directo a 1 de Novembro de 2017, na RTP3.
Considerado o “patologista mais influente do mundo” pela revista britânica "The Pathologist", em 2015, foi fundador e dirige o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular e Celular da Universidade do Porto (IPATIMUP), organismo de referência na investigação do cancro, que faz diagnóstico para hospitais e institutos de oncologia da Europa e América.
Galardoado com o Premio Pessoa (2002) pelo seu trabalho na prevenção do cancro e pelas suas qualidades humanas e de cidadania, é Professor Catedrático de Patologia da Faculdade de Medicina do Porto, onde se licenciou e doutorou. É também professor adjunto de Patologia e Biologia Celular do Jefferson Medical College da Universidade Thomas Jefferson, em Filadélfia, e avaliador do Consórcio de Investigação em Cancro Gástrico do Instituto de Cancro da Noruega e da Universidade de Zhengzhou.
Dirigiu a Sociedade Europeia de Patologia. É membro dos conselhos científicos de vários organismos europeus.
Foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2004) e com a Comenda da Ordem do Mérito Real da Noruega (2009). Nasceu no Porto em 1947.
Professora Catedrática de Ética na Universidade dos Açores, com formação específica no domínio da Ética aplicada à Vida (Bioética).
Nesta área, tem desempenhado várias funções relevantes: Foi consultora da Presidência da República para a Ética da Vida e integrou o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, organismo independente que dá pareceres sobre os problemas criados pelo progresso da ciência. É membro da International Association of Bioethics e actuou como perita em ética da UNESCO e da Comissão Europeia.
Doutorada em Filosofia pela Universidade dos Açores, tem um pós-doutoramento no Kennedy Institute of Ethics em Georgetown, Washington.
É autora de 10 livros e coordenadora de outras 8 obras colectivas, assinando cerca de 170 artigos em publicações nacionais e internacionais. Lidera o projecto de publicação da colecção Ética Aplicada, bem como o projecto de investigação sobre (bio)Ethics, Science, and Society: Challenges for BioPolitics.
Foi deputada ao Parlamento Europeu entre 2009 e 2014 pelo PSD.
Ex-ministro das Finanças e da Segurança Social e do Trabalho, é professor de Finanças Públicas, Ética e Direito da Segurança Social na Universidade Lusíada, em Lisboa.
Formado em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (actual ISEG) é doutor Honoris Causa pela Universidade Lusíada em Ciências da Economia e Empresa.
Foi membro do Conselho de Estado (2011- 2016) e também secretário de Estado da Segurança Social e do Emprego e da Formação Profissional.
Foi vice-governador do Banco de Portugal, presidente do Centro de Informação, Mediação, Provedoria e Arbitragem de Seguros, membro da direcção do Instituto de Seguros de Portugal e administrador de várias seguradoras.
É presidente da assembleia-geral da Rede de Cuidadores e faz parte do conselho institucional da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Presidiu à Comissão Nacional Justiça e Paz e à assembleia-geral da União das Misericórdias Portuguesas.
Recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2016), entre outras condecorações.
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Boa noite. Gostava só de referir que não incluíram o transplante pulmonar na vossa reportagem. Já se fazem há algum tempo (não sei exactamente o ano) e são exclusivamente realizados no Hospital de Santa Marta.
Como transplantada pulmonar, acho que seria importante fazer referência a este órgão tão importante já que muitas das doenças que levam à realização de um transplante pulmonar são exactamente as DPOC que como nos informaram no gráfico anterior corresponde à terceira causa de morte em Portugal.
Se quiserem mais informações sobre estas questões aconselho-vos a contactarem a ATPP – associação de transplantados pulmonares de Portugal ([email protected]) que tem como um dos seus objectivos divulgar e sensibilizar a sociedade civil para esta temática. Muito obrigada
Cara Beatriz, tivemos de fazer uma selecção indicativa de alguns dos principais transplantes, pois por questões de tempo no programa não os conseguríamos incluir a todos: de fora ficaram órgão tão importantes como os pulmões, medula, fígado, córnea, intenstinos, pele, pâncreas e outros. Muito obrigada.
Pretendia saber se com o transplante de uma cabeça, qual o resultado. A cabeça fica com um corpo novo, ou o corpo fica com uma cabeça nova.
É um tema extremamente actual e que foi excelentemente tratado.
Cumprimentos
Caro Álvaro, muito obrigada
Conjugando a longevidade com a natalidade, estamos sentados numa bomba ecológica: o aumento do nº de individuos num planeta com recursos naturais finitos. Imortalidade seria um perigo letal ecológico, algo que não acontece nem aconteceu nos ecossistemas com outras espécies. Os trabalhos de Malthus, confirmados com todas as investigações em ecologia, mostram que os ecossistemas têm uma capacidade limitada e não suportam acima de um determinado nº de individuos. Portanto, existe um paradoxo: como ser imortal num planeta com recursos finitos?